CARTA ABERTA À LETICIA SPILLER
      
       15/03/2014 
                    
     
Fonte: (veja.abril.com.br)
Prezada Letícia,
Antes
 de mais nada, gostaria de dizer que admiro seu talento como atriz e 
também te considero muito bonita. Infelizmente, você tem endossado 
certas ideias um tanto estapafúrdias, aplaudido regimes nefastos como o 
cubano, e alegado que se arrepende de ter usado uma camisa com a 
bandeira americana no passado, chegando a afirmar que se fosse hoje 
usaria uma com o Che Guevara.
Ontem,
 sua casa no Itanhangá foi assaltada por bandidos armados, que lhe 
fizeram de refém enquanto sua filha dormia logo ao lado. Lamento o que 
você passou, pois deve ser, sem dúvida, uma experiência traumática. 
Nossa casa é nosso castelo, e se sentir inseguro nela é terrível, 
especialmente quando temos filhos menores morando com a gente. A 
sensação de impotência é avassaladora, e muitos chegam a decidir se 
mudar do país após experiências deste tipo.
O
 que eu gostaria, entretanto, é que você fosse capaz de fazer uma 
limonada desse limão, ou seja, que pudesse extrair lições importantes 
desse trauma que ajudassem a transformá-la em uma pessoa melhor, mais 
consciente dos reais problemas que nosso país enfrenta. Se isso 
acontecesse, então aquelas horas de profunda angústia não seriam em vão.
Como você talvez saiba, sou o autor do livro Esquerda Caviar,
 que fala exatamente de pessoas com seu perfil (aproveito para lhe 
oferecer um exemplar autografado, se assim desejar). Artistas e 
“intelectuais” ricos, que vivem no conforto que só o capitalismo pode 
oferecer, protegidos pela polícia “fascista”, mas que adoram pregar o 
socialismo, a tirania cubana ou tratar bandidos como vítimas da 
sociedade: eis o alvo da obra.
Essa
 campanha ideológica feita por esses artistas famosos acaba tendo 
influência em nossa cultura, pois, para o bem ou para o mal (quase 
sempre para o mal), atores e atrizes são formadores de opinião por aqui.
 Quando um Sean Penn, por exemplo, abraça o tiranete Maduro na 
Venezuela, ele empresta sua fama a um regime nefasto, ignorando todo o 
sofrimento do povo venezuelano. Isso é algo abjeto.
No
 Brasil, vários artistas de esquerda têm elogiado ditaduras socialistas,
 atacado a polícia, o capitalismo, as empresas que buscam lucrar mais de
 forma totalmente legítima, etc. Muitos chegaram a enaltecer os 
vagabundos mascarados dos black blocs, cuja ação já resultou na morte de
 um cinegrafista.
Pois
 bem: a impunidade é o maior convite ao crime que existe. Quando vocês 
tratam bandidos como vítimas da sociedade, como se fossem autômatos 
incapazes de escolher entre o certo e o errado, como se pobreza por si 
só levasse alguém a praticar uma invasão dessas que você sofreu, vocês 
incentivam o crime!
Pense
 nisso, Letícia. Gostaria de perguntar uma coisa: quando você se viu 
ali, impotente, com sua propriedade privada invadida, com armas 
apontadas para a sua cabeça, você realmente acreditou que estava diante 
de pobres vítimas da “sociedade”, coitadinhos sem oportunidade diferente
 na vida? Ou você torceu para que fossem presos e punidos por escolherem agir de forma tão covarde contra uma mãe e uma filha em sua própria casa?
Che
 Guevara, que você parece idolatrar por falta de conhecimento, achava 
que era absolutamente justo invadir propriedades como a sua. Afinal, o 
socialismo é isso: tirar dos que têm mais para dar aos que têm menos, 
como se riqueza fosse jogo de soma zero e fruto da exploração dos mais 
pobres. Você se enxerga como uma exploradora? Ou acha que sua bela casa é
 uma conquista legítima por ter trabalhado em várias novelas e levado 
diversão voluntária aos consumidores?
Nunca
 é tarde para aprender, para tomar a decisão correta. Por isso, Letícia,
 faço votos para que esse desespero que você deve ter sentido ontem se 
transforme em um chamado para uma mudança. Abandone a esquerda caviar, 
pois ela não presta, é hipócrita, e chega a ser cúmplice desse tipo de 
crime que você foi vítima. Saia das sombras do socialismo e passe a 
defender a propriedade privada, o império das leis, o fim da impunidade e
 o combate ao crime, nobre missão da polícia tão demonizada por seus 
colegas.
Te
 espero do lado de cá, o lado daqueles que não desejam apenas posar como
 “altruístas” com base em discurso hipócrita e sensacionalista, daqueles
 que focam mais nos resultados concretos das ideias do que no regozijo 
pessoal com as aparências de revolucionário engajado. Será bem-vinda, 
como tantos outros que já acordaram e tiveram a coragem de reconhecer o 
enorme equívoco das lutas passadas em prol do socialismo.
Um abraço,
Rodrigo Constantino
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