Barbosa protelou decisão sobre prisão de João Paulo Cunha para não atrapalhar caça a Pizzolato
Edição
do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por
Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O Presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim
Barbosa, tinha pleno conhecimento da sigilosa investigação feita pela Interpol
(envolvendo a Polícia Federal do Brasil, da Argentina, da Espanha e a Guarda de
Finança da Itália) para localizar e prender Henrique Pizzolato – foragido após
condenação a 12 anos e 7 meses de prisão por formação de quadrilha, peculato e
lavagem de dinheiro. Foi para não atrapalhar a caça a Pizzolato que Barbosa não
teve pressa em determinar a prisão do deputado João Paulo Cunha, antes das
férias do Judiciário.
Barbosa foi comunicado por seus assessores
de inteligência no STF que a Polícia Federal estava monitorando comunicações
entre Pizzolato e a cúpula petista, principalmente alguns condenados na Ação
Penal 470. Por sorte, a Interpol interceptou pelo menos uma ligação telefônica
feita do Brasil para Pizzolato, na Itália, no dia 16 de janeiro. Quem ligou foi
ninguém menos que o deputado João Paulo Cunha. Na interpretação da conversa
interceptada pela Polícia Federal, Cunha teria pedido um depósito em dinheiro
na conta de uma prima.
Tal ligação entre o deputado e o foragido foi
fundamental para a polícia italiana localizar Pizzolato. Mas o ato fatal para
pegá-lo – segundo versão vazada da investigação - foi uma doação de 50 mil
euros feira na Europa para a conta, no Brasil, do ex-tesoureiro petista Delúbio
Soares. O dinheiro veio em nome de italianos e marroquinos usados como “laranjas”.
Agora, a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal, com a ajuda do
Coaf, investigam se houve doações semelhantes para José Genoíno.
Os investigadores analisam dados de dois
computadores apreendidos na casa do sobrinho de Pizzolato, no momento da prisão
em Pozza de Maranello. A Interpol também investiga detalhes de viagens feitas
por Pizzolato pela Europa – principalmente pela França e pela Suíça – para realizar
transações bancárias. Caso se confirmem tais movimentações financeiras, haverá evidências
de que Pizzolato teve ajuda dos companheiros petistas para fugir do Brasil com
o objetivo de cuidar do que sempre fez: gerenciar recursos do esquema do
Mensalão – e, possivelmente, de outras falcatruas.
No interrogatório à Guarda de Finança da
Itália, Pizzolato repetiu a mentira de que é completamente inocente das
acusações no processo do Mensalão e reiterou que “agiu apenas cumprindo ordens
superiores como funcionário do Banco do Brasil” (do qual foi diretor de
Marketing). Pelas investigações, Pizzolato continua fazendo parte do time. Seu
descontentamento com a cúpula petista, no entanto, pode não ser uma mera
encenação, como pode parecer á primeira vista. Pizzolato protagoniza,
certamente, um jogo de pressão.
O Alerta Total já tinha antecipado na edição
extra de ontem que, em um cofre bancário no exterior, Henrique Pizzolato tem
uma caixa com três HDs (Hard Disks) contendo um arquivo completo de todas as
negociações feitas entre 2003 e 2007 com o esquema do publicitário Marcos
Valério Fernandes de Souza. Pizzolato confia que tais documentos – que podem
ser colocados à disposição das autoridades italianas – serviriam como seu
“seguro de vida”.
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