Guido Mantega veio aos holofotes para informar que o Brasil decidiu
emprestar ao FMI US$ 10 bilhões, consequência de compromisso que Lula
assumiu com os parceiros do G20 em reunião realizada em abril.
E quanto à remuneração do empréstimo? “O rendimento ainda vai ser definido pela diretoria do Fundo”, disse o ministro da Fazenda. Ou seja: o contribuinte brasileiro empresta, mas é o FMI que define os juros que deseja pagar.
DECLARAÇÃO DO LULA NA ÉPOCA:
- (...)Presidente Lula que disse: “que gostaria de entrar para a história como o primeiro presidente cujo governo vai emprestar dinheiro para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e disse mais:
Você não acha muito chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI? perguntou o Lula a jornalistas, acrescentando:
E eu, que passei parte da minha juventude carregando faixa em São Paulo: “Fora FMI!”, completa LULA.
O QUE SERÁ QUE DEU DE ERRADO NESSES 12 ANOS DE PT?
# # #
FMI sugere ao Brasil reduzir empréstimos a bancos públicos
E quanto à remuneração do empréstimo? “O rendimento ainda vai ser definido pela diretoria do Fundo”, disse o ministro da Fazenda. Ou seja: o contribuinte brasileiro empresta, mas é o FMI que define os juros que deseja pagar.
DECLARAÇÃO DO LULA NA ÉPOCA:
- (...)Presidente Lula que disse: “que gostaria de entrar para a história como o primeiro presidente cujo governo vai emprestar dinheiro para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e disse mais:
Você não acha muito chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI? perguntou o Lula a jornalistas, acrescentando:
E eu, que passei parte da minha juventude carregando faixa em São Paulo: “Fora FMI!”, completa LULA.
O QUE SERÁ QUE DEU DE ERRADO NESSES 12 ANOS DE PT?
# # #
Sergio Lamucci
Valor Econômico, 29/08/2013
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda ao Brasil
uma redução gradual da política de empréstimos aos bancos públicos,
ressaltando a importância da adesão a uma meta de superávit primário que
coloque a dívida pública numa trajetória de queda, segundo documento
divulgado ontem, que elogia o ciclo de alta de juros promovido pelo
Banco Central (BC) para conter a inflação.
Para o FMI, a economia brasileira está se recuperando da desaceleração
que começou em meados de 2011, observando que os "ventos contrários"
provocados pelas condições externas, "restrições domésticas de oferta e
incertezas sobre políticas" parecem segurar o crescimento no curto
prazo.
As informações fazem parte de nota de três páginas, que trata da
conclusão das consultas ao artigo IV, o capítulo do estatuto do FMI que
prevê raio-X anual da situação da economia dos países-membros. Não é
contudo, o relatório completo, cuja publicação depende de autorização do
Ministério da Fazenda, ainda pendente. (ver ao lado)
O FMI faz algumas críticas à política fiscal, na linha das realizadas
por parte dos especialistas em contas públicas no Brasil, mas em tom
mais brando. O aumento expressivo dos empréstimos do Tesouro para bancos
públicos, especialmente ao BNDES, é malvisto pelos analistas por elevar
a dívida bruta.
Segundo a nota do FMI, alguns diretores-executivos consideraram que "uma
avaliação mais detalhada do que compreendem os conceitos da dívida
pública bruta e líquida permitiria uma interpretação melhor da evolução e
das perspectivas fiscais do país". A dívida líquida desconta ativos do
governo, como reservas internacionais e créditos do Tesouro junto aos
bancos públicos.
Em julho, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mandou carta para a
diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, pedindo uma mudança nos
critérios de cálculo da instituição da dívida bruta brasileira. Nas
conta do FMI, o endividamento bruto do país fica mais alto por incluir
todos os títulos que estão na carteira do BC.
Os diretores-executivos da instituição, diz o documento, estimulam
esforços do país para "manter a disciplina fiscal de Estados e
municípios, o relaxamento da rigidez orçamentária para aumentar a
poupança pública", além de encorajar o "reconhecimento mais completo de
riscos fiscais associados a ativos de bancos públicos e acordos de
concessão de infraestrutura." Eles ressaltaram a necessidade de ajuste
fiscal firme e comedido, "ancorado à meta de longo prazo de superávit
primário".
"Alguns diretores" acreditam, segundo a nota, que o estímulo fiscal pode
ter papel de instrumento contracíclico. O FMI se mostrou satisfeito com
o começo do ciclo de aperto monetário, destacando que a política
monetária deve se voltar para conter pressões inflacionárias e ancorar
expectativas de inflação. Para o FMI, a política monetária deve ter o
papel principal na administração da demanda.
Ao falar da atividade econômica, o FMI aponta uma retomada gradual. "O
consumo continuou resistente no ano passado, apoiado pelo baixo
desemprego e amplos ganhos nos salários reais, embora tenha havido uma
desaceleração mais recentemente", afirma. "Depois de período prolongado
de fraqueza, o investimento começou a se recuperar nos últimos
trimestres, enquanto a confiança dos empresários se firmou. Com a
economia operando perto do potencial, restrições de oferta afetaram o
crescimento de curto prazo e exacerbaram pressões inflacionárias."
Para o FMI, o baixo desemprego contribuiu para pressionar a inflação,
impulsionando a demanda e elevando custos. O documento nota que o índice
de preços ao consumidor tem rodado no limite superior da banda de
tolerância da meta, de 6,5%, enquanto as expectativas de médio prazo
acima do ponto central, de 4,5%. Nota que o déficit em conta corrente
aumentou, refletindo demanda externa mais fraca, consumo forte e também
aumento do investimento e interrupções temporárias na produção de
petróleo. "A taxa de câmbio se depreciou ao longo do último ano, mais
recentemente como parte de um amplo realinhamento nos vários mercados
emergentes."
A nota destaca que fluxos de capitais, especialmente de carteira (para
ações e renda fixa), diminuíram em 2012, devido à perspectiva de
crescimento mais fraco, juros mais baixos no Brasil e ao uso de medidas
de controle de capitais. "Mais recentemente, a volatilidade financeira
global e o aumento da aversão global ao risco reduziram ainda mais os
fluxos de carteira para ao Brasil." Os fluxos de investimento
estrangeiro direto, porém, continuaram robustos, nota o FMI.
O fundo diz apoiar a decisão das autoridades brasileiras de limitar as
intervenções no câmbio para moderar a excessiva volatilidade, destacando
que o câmbio flutuante deve permanecer como o principal amortecedor de
choques num cenário de turbulência. O documento, contudo, foi concluído
antes de o real sofrer pressão mais forte, que levou o BC a decidir por
uma atuação mais firme no mercado de moeda estrangeira.
Fazenda 'proíbe' FMI de divulgar relatório
Adriana Fernandes, Laís Alegretti, Renata Veríssimo
O Estado de S. Paulo, 29/08/2013
Brasília - Fundo publicou apenas sumário de documento com dados da
análise anual sobre a economia brasileira; governo cobra ajustes
técnicos
Em mais um episódio envolvendo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o
governo brasileiro não autorizou o organismo a publicar o relatório
completo com os dados da análise anual feita sobre a economia
brasileira.A entidade limitou-se a divulgar ontem apenas o sumário da
publicação.
O Brasil cobra do FMI modificações e ajustes técnicos no documento antes
de autorizar a publicação da íntegra do relatório. O Ministério da
Fazenda não informou quais são as mudanças pleiteadas pelo Brasil. A
assessoria do ministro Guido Mantega disse que se trata de discussões
técnicas. O Brasil alega que precisa de mais tempo para autorizar a
divulgação.
"A decisão sobre a publicação do artigo 4.º será tomada depois que esse
diálogo (com o FMI) for concluído", comunicou a assessoria de Mantega.
Conhecido como "artigo 4.º", o relatório é feito depois de uma avaliação
e troca de informações com a área econômica do governo sobre a
estratégia de política econômica. Economistas do FMI visitam o País e,
após o retorno, a equipe apresenta o documento para a discussão na
diretoria do Fundo.
O relatório foi concluído pela diretoria executiva do FMI no dia 26 de
julho, mas apenas o sumário foi divulgado ontem, nos Estados Unidos, com
recomendações ao País como: a redução gradual na concessão de crédito
por bancos públicos, disciplina fiscal e adoção de uma meta de superávit
primário que coloque o déficit público em trajetória de queda. No
sumário, o FMI também avalia que uma política monetária mais apertada
vai ajudar o País a lidar com pressão de preços. Ou seja, sugere juros
mais altos para combater a inflação.
Pressão. Nos últimos meses, o Brasil vem pressionado o FMI para revisar a
metodologia de cálculo da dívida bruta do governo federal. Mantega
chegou até mesmo a enviar uma carta à diretora-gerente do FMI, Christine
Lagarde. A mudança passou a ser questão de honra para o Brasil porque,
pelos critérios do FMI, a dívida pública brasileira fica quase 10 pontos
porcentuais mais elevada em comparação aos cálculos feitos pelo Banco
Central brasileiro. A preocupação do governo é que o cálculo mais
elevado prejudique a imagem do Brasil, justamente no momento de maior
crítica à política fiscal.
Na carta, o governo critica a metodologia, considera que os dados do FMI
estão "substancialmente superestimados" e que isso prejudica a
percepção sobre a situação fiscal brasileira. Pelos dados do FMI, a
dívida bruta do País fechou 2012 em 68% do Produto Interno Bruto (PIB).
Já pelos dados divulgados pelo BC, o endividamento ficou em 58,7% ao
final de dezembro do ano passado.
Grécia. Em outro episódio mais recente, o representante do Brasil no
FMI, Paulo Nogueira Batista, se absteve na votação de liberação de mais
uma tranche de ajuda à Grécia. O procedimento foi desautorizado pelo
ministro Mantega, que telefonou para a diretora do FMI para explicar que
essa não era a posição do governo. Em seguida, Batista foi chamado a
Brasília, mas não perdeu o cargo.
O FMI e a escuridão do Brasil
Editorial O Estado de S. Paulo, 29/08/2013
Mistério insondável ou segredo? Não há cenário prospectivo da economia
brasileira, nem para este ano nem para o próximo, no informe divulgado
pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), na quarta-feira passada, sobre
a recém-concluída coleta de informações sobre a situação e a evolução
provável do País. Quem quiser conhecer as mais amplas e recentes
projeções econômicas para Estados Unidos, Alemanha, China, Japão,
Geórgia e República Eslovaca - para citar só uns poucos exemplos -
poderá consultar os últimos relatórios do Fundo Monetário Internacional
sobre as consultas realizadas periodicamente, quase sempre de ano em
ano, com fontes oficiais, empresariais e acadêmicas desses países.
Os documentos e mesmo os comunicados breves à imprensa contêm, no
mínimo, os números estimados para este ano e para o próximo. As
estimativas alcançam, em alguns casos, os próximos cinco anos. No caso
do Brasil, a série dos números termina, estranhamente, no ano passado. A
nota publicada em julho de 2012 continha, pelo menos, as projeções para
o ano. Naquele momento ainda se esperavam, por exemplo, um crescimento
econômico de 2,5% e uma inflação de 4,8% - números fornecidos pelo
governo, incorporados no relatório e errados.
Neste ano, nem as projeções para 2013 aparecem na tabela divulgada. Não
foram citadas sequer as últimas estimativas do FMI: 2,5% de expansão do
PIB neste ano e 3,2% no próximo. O governo terá, por insegurança diante
dos maus resultados obtidos até agora, interferido para limitar os
detalhes numéricos?
Mesmo com poucos números e com uma tabela encerrada em 2012, a nota
evidencia uma avaliação pouco favorável da economia brasileira.
Documentos desse tipo são em geral redigidos em linguagem diplomática,
mas sem grandes contorções. A produção do texto recém-divulgado foi
obviamente mais complicada, com muita interferência brasileira. A
análise relevante, em geral crítica, aparece quase sempre depois de
alguma referência positiva.
Exemplo de contorção: a economia melhora gradualmente, o investimento
começou a recuperar-se e a confiança dos empresários se firmou. Mas - e
aqui entra a parte substantiva - a economia deve estar operando perto do
potencial, restrições do lado da oferta limitaram o crescimento no
curto prazo e exacerbaram as pressões inflacionárias, com o baixo
desemprego também contribuindo para pressões inflacionárias de custo e
de demanda.
Qual o potencial de crescimento? Deve estar na faixa de 3% a 3,5%, pelas
estimativas do Fundo, porque a projeção para o próximo ano indica 3,2%.
No Brasil, há quem calcule margem ainda menor para uma expansão segura,
isto é, sem pressão importante sobre os preços e sem desajustes
perigosos nas contas externas. Sem entrar nesses detalhes, pelo menos no
informe inicial para a imprensa, o pessoal do FMI é, no entanto,
bastante claro quanto a esse ponto: o Brasil precisa de muito mais
investimentos para crescer mais rapidamente.
A piora das contas externas também é mencionada. O câmbio
desvalorizou-se, mas o custo da mão de obra em dólares se manteve. O
rápido aumento do salário real e a estagnação dos ganhos de
produtividade limitaram o efeito benéfico da depreciação do real sobre a
competitividade. A mensagem é nítida: a deterioração do balanço de
pagamentos, especialmente da conta de comércio, é atribuível apenas em
parte à fraqueza da demanda externa. Neste, como em outros pontos
importantes, o diagnóstico dos técnicos do Fundo diverge das
explicações, ou justificativas, do governo.
Na avaliação da junta de diretores executivos, o crescimento deve estar
sendo contido, no curto prazo, pelas limitações internas da oferta
(dificuldades de produção) e pelas incertezas quanto à política
econômica. O aperto monetário, segundo essa análise, é bem-vindo e seria
conveniente mantê-lo para conter a inflação e ancorar as expectativas.
Cuidar das contas públicas também seria, segundo essa análise, uma boa
ideia.
# # #
Nenhum comentário:
Postar um comentário