O fascismo do PT contra os médicos.
O PT está usando uma tática de difamação contra os médicos brasileiros igual à usada pelos nazistas contra os judeus: colando neles a imagem de interesseiros e insensíveis ao sofrimento do povo e, com isso, fazendo com que as pessoas acreditem que a reação dos médicos brasileiros é fruto de reserva de mercado. Os médicos brasileiros viraram os "judeus do PT".
Uma pergunta que não quer calar é
por que justamente agora o governo "descobriu" que existem áreas do
Brasil que precisam de médicos? Seria porque o governo quer aproveitar a
instabilidade das manifestações para criar um bode expiatório? Pura
retórica fascista e comunista.
E por que os médicos brasileiros "não querem ir"?
A resposta é outra pergunta: por que
o governo do PT não investiu numa medicina no interior do país com
sustentação técnica e de pessoal necessária, à semelhança do
investimento no poder jurídico (mais barato)?
O PT não está nem aí para quem morre
de dor de barriga, só quer ganhar eleição. E, para isso, quer
"contrapor" os bons cidadãos médicos comunistas (como a gente do PT) que
não querem dinheiro (risadas?) aos médicos brasileiros playboys.
Difamação descarada de uma classe inteira.
A população já é desinformada sobre a
vida dos médicos, achando que são todos uns milionários, quando a
maioria esmagadora trabalha sob forte pressão e desvalorização salarial.
A ideia de que médicos ganham muito é uma mentira. A formação é cara,
longa, competitiva, incerta, violenta, difícil, estressante, e a oferta
de emprego decente está aquém do investimento na formação.
Ganha-se menos do que a profissão
exige em termos de responsabilidade prática e do desgaste que a formação
implica, para não falar do desgaste do cotidiano. Os médicos são
obrigados a ter vários empregos e a trabalhar correndo para poder pagar
suas contas e as das suas famílias.
Trabalha-se muito, sob o olhar duro da população. As pessoas pensam que os médicos são os culpados de a saúde ser um lixo.
Assim como os judeus foram o bode
expiatório dos nazistas, os médicos brasileiros estão sendo oferecidos
como causa do sofrimento da população. Um escândalo.
É um erro achar que "um médico só
faz o verão", como se uma "andorinha só fizesse o verão". Um médico não
pode curar dor de barriga quando faltam gaze, equipamento, pessoal
capacitado da área médica, como enfermeiras, assistentes de enfermagem,
assistentes sociais, ambulâncias, estradas, leitos, remédios.
Só o senso comum que nada entende do
cotidiano médico pode pensar que a presença de um médico no meio do
nada "salva vidas". Isso é coisa de cinema barato.
E tem mais. Além do fato de os
médicos cubanos serem mal formados, aliás, como tudo que é cubano, com
exceção dos charutos, esses coitados vão pagar o pato pelo vazio técnico
e procedimental em que serão jogados. Sem falar no fato de que não vão
ganhar salário e estarão fora dos direitos trabalhistas. Tudo isso
porque nosso governo é comunista como o de Cuba. Negócios entre
"camaradas". Trabalho escravo a céu aberto e na cara de todo mundo.
Quando um paciente morre numa
cadeira porque o médico não tem o que fazer com ele (falta tudo a sua
volta para realizar o atendimento prático), a família, a mídia e o poder
jurídico não vão cobrar do Ministério da Saúde a morte daquele infeliz.
É o médico (Dr. Fulano, Dra.
Sicrana) quem paga o pato. Muitas vezes a solidão do médico é enorme, e o
governo nunca esteve nem aí para isso. Agora, "arregaça as mangas" e
resolve "salvar o povo".
A difamação vai piorar quando a
culpa for jogada nos órgãos profissionais da categoria, dizendo que os
médicos brasileiros não querem ir para locais difíceis, mas tampouco
aceitam que o governo "salvador da pátria" importe seus escravos cubanos
para salvar o povo. Mais uma vez, vemos uma medida retórica tomar o
lugar de um problema de infraestrutura nunca enfrentado.
Ninguém é contra médicos
estrangeiros, mas por que esses cubanos não devem passar pelas provas de
validação dos diplomas como quaisquer outros? Porque vivemos sob um
governo autoritário e populista.
*Texto por Luiz Felipe Pondé,
é pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP,
pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor
da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo,
religião, niilismo, ciência.
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