A influência e o poder de Thatcher
Foto do The Telegraph
Por Maria Lúcia Victor Barbosa
Na
Inglaterra, onde se originaram fenômenos políticos, econômicos, sociais e
culturais capazes de influenciar o mundo, a rainha Elizabeth I, a rainha
Vitória e Margaret Thatcher foram mulheres notáveis que frente ao poder dele
souberam se desincumbir com rara maestria.
Margaret Thatcher
faleceu dia 8 deste abril, aos 87 anos, deixando um legado extraordinário. Sua
firmeza, coragem e competência lhe acarretaram o ódio da esquerda e dos
sindicatos que ela colocou de joelhos, mas a única mulher que se tornou primeira-ministra
da Inglaterra e governou seu país por mais de 11 anos, nunca esmoreceu diante
dos desafios e dificuldades. Como ela disse certa vez: “Eu não sou uma política
de consenso”. “Eu sou uma política de convicções”.
Diferente da
nobreza por sua origem plebeia, Thatcher proveio de um ambiente modesto. Saiu
da lower middle class, sendo filha de um merceeiro e de uma costureira. Estudou
em escola pública, o que não a impediu de conseguir uma bolsa de estudos que
lhe permitiu fazer brilhantes estudos de química em Oxford antes de se
encaminhar para o Direito, tornando-se depois especialista em questões fiscais.
Em 1959, depois de
duas derrotas, foi eleita para a Câmara dos Comuns. Dois anos depois se tornou
subsecretária de Estado para Questões Sociais. Em 1970 assumiu a pasta da
Educação. Em 1975 se tornou líder do Partido Conservador, eleita pelos 276
deputados conservadores da Câmara dos Comuns. E a partir de1979 até o final de
1990, governou a Inglaterra como primeira-ministra tendo ganhado três eleições
com ampla maioria.
Quando assumiu o
comando da Inglaterra, Thatcher enfrentou um cenário economicamente muito
difícil. O PT da Inglaterra, Partido trabalhista, seguindo a tradição
socialista elevava os gastos públicos, recorria ao aumento dos salários,
incrementava a estatização. Isto em meio a uma inflação de 25%, um crescimento
pífio da economia e um milhão de desempregados, o que acarretava ondas de
greves no setor público, deixava os políticos imobilizados e paralisava ainda
mais a economia do país que sucumbia ao esquerdismo dos sociais-democratas e
desenvolvimentistas.
Como analisou
Gustavo Patu (Folha de S. Paulo – 09/04/2013): “A escalada dos gastos públicos
elevava a inflação, a carga tributária e enfraquecia as empresas”. “A
debilidade era enfrentada com proteção à Indústria e aos salários, demandando
mais gastos e criando um ciclo vicioso”.
Thatcher partiu
para o ideário liberal e pôs a casa em ordem. Enfrentou os sindicatos,
privatizou e só deixou sobreviver setores produtivos que fossem lucrativos.
Além disso, criou agências reguladoras fortes e independentes, priorizou a
Educação e a Saúde.
A revolução liberal
de Tatcher não só obrigou o Partido Trabalhista a se render a dogmas liberais,
o que foi chamado de New Labour, como influenciou a transformação da esquerda
em todo mundo. Inclui-se o governo tucano de FHC e, atualmente o governo
petista com suas canhestras tentativas de privatizações apelidadas de
concessões, sendo que o PT faz lembrar a letra de uma música de Alceu Valença:
“nós somos cópias mal feitas”.
Ainda no plano
externo Thatcher teve papel decisivo na derrocada da URSS e na queda do Muro de
Berlim ao influenciar Mikhail Gorbatchov. Foi, portanto, peça fundamental numa
parceria com o presidente norte-americano, Ronald Reagan, na importante vitória
ocidental da guerra fria.
Outro episódio que
demonstrou sua coragem e determinação ocorreu na guerra das Ilhas Falklands,
promovida pela Argentina de modo grotesco e trágico. O Exército argentino se
rendeu quase sem luta e quando o conflito terminou a frustração popular se
voltou contra o governo Galtieri. De forma oposta, na Inglaterra o governo de
Margaret Tatcher recebeu estrondosa vitória eleitoral.
Que Cristina Kirchner
pense duas vezes antes de prosseguir com sua patacoada com relação às
Falklands.
Afirma, contudo,
Roberto Simon (O Estado de S. Paulo, 09/04/2013), que Margaret Thatcher, “em
sua autobiografia, ao se questionar sobre o principal feito de sua vida, não
menciona a guerra das Falklands ou a mudança das bases da economia britânica,
mas uma garota judia, Edith Muhlbauer, que ela ajudou salvar da brutal
perseguição aos judeus e levar para a Grã-Bretanha quando Hitler anexou a
Áustria, em 1938”. Posteriormente Edith veio para o Brasil e constituiu
família. Diz sua filha, Betina Nokleby, que a família Thatcher salvou a vida de
sua mãe.
No Brasil, com mais
de 10 anos no Poder, o PT institucionalizou a corrupção e agravou a
meritofobia. A primeira mulher presidente do país tornou-se não a mãe do PAC,
mas a mãe da inflação e dos pibinhos. Isso significa que não basta ser mulher
para automaticamente brilhar no poder. Tanto mulheres quanto homens, para
governar têm que ser competentes, honestos e ter visão de bem comum. Isto Lady
Thatcher tinha de sobra.
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