José Eduardo Cardozo chuta a democracia
José
Eduardo Cardozo é petista e ministro da Justiça. Até aí, tudo bem. As
coisas se complicam quando, como ministro da Justiça, ele decide atuar
como um petista e, como petista, atuar como ministro da
Justiça. Cardozo, para todos os efeitos, é um homem de estado, e os
homens de estado não podem se comportar como chefes de facção, como
líderes de milícia, como militantes políticos. Afinal, Cardozo é
ministro de quem é petista e de quem não é; de quem votou na presidente
Dilma e de quem não votou.
Muito bem!
Exercendo prerrogativas verdadeiramente sagradas na democracia — como o
direito à crítica e o direito de fazer oposição —, o pré-candidato do
PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou a atuação do
governo na área de segurança pública. O senador lembrou, por exemplo,
que “87% de tudo que se gasta em segurança pública no Brasil hoje vêm
dos Estados e municípios. Apenas 13% da União. A União, que tem
responsabilidade de cuidar das nossas fronteiras, de coibir o tráfico de
drogas e o tráfico de armas, é, hoje, quem menos gasta.”
Trata-se
apenas de um fato. Cardozo pertence ao governo. Ele tem todo o direito
de responder, de contraditar um dos líderes da oposição no Brasil, mas
não da forma como o fez.
Em vez de
contestar os números, o ministro procurou desqualificar Aécio. Disse que
a atuação do senador na área é “pífia”; qualificou suas propostas de
“patéticas” e ainda tentou fazer graça, dizendo que o tucano mora no
Rio, como a indicar que não cumpre a sua função.
É um
despropósito! É um absurdo! Cardozo desrespeita os eleitores de Minas,
que o elegeram senador por esmagadora maioria. Demonstra um entendimento
estúpido do que seja a democracia. A entrevista de Aécio está na Folha.
É crítico, sim, sem ser desrespeitoso. Cardozo, ao contrário, é só
desrespeitoso sem fazer a crítica, o que seria natural.
Dilma é a
legítima presidente do Brasil porque eleita segundo as regras. Obteve
55.752.529 votos, mas atenção! Em 2010, o Brasil tinha 134 milhões de
eleitores. Atenção, ministro Cardozo: na eleição passada, deixaram de
votar na presidente, entre os eleitores de Serra, os brancos, os nulos e
as abstenções, 78.247.471 pessoas.
Tenha compostura, meu senhor! Essa gente também paga o seu salário.
De resto,
ministro Cardozo, no ano passado, o governo federal investiu em
presídios 34,2% menos do que em 2012: caiu de R$ 361,9 milhões para R$
238 milhões. E tal queda se deu num ano em que a violência explodiu no
país.
Fale menos e trabalhe mais, ministro!
Por Reinaldo Azevedo
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