A carga será pesada e amarga
O encontro marcado será inexorável e o
preço que os assalariados brasileiros terão de pagar será insuportável.
Estendendo-se por toda a sociedade brasileira, quando a conta de uma
irresponsável política econômica chegar. Nos últimos anos a economia brasileira
vem apresentando crescimento medíocre.
Contudo, a taxa de desemprego vem
registrando índices dos mais baixos da nossa história econômica. O consumo com
dinamismo, já começa a se expressar com queda acentuada. A renda dos
assalariados vem em escala cadente, atingindo mais fortemente as camadas
populares. O endividamento das famílias cresce mensalmente e torna-se mais caro
em função da elevação das taxas de juros.
Recentemente o economista Vinicius Torres,
colunista da “Folha de S.Paulo” (6-12-2013), alertava: “A economia vai mal, mas
o povo vai bem. Como isso é possível? Os sinais de que esse descasamento não é
duradouro (não é sustentável) estão ficando evidentes.”
Há 40 anos, no auge do “milagre econômico”,
o presidente Garrastazú Médici constatava: “A economia vai bem, mas o povo vai
mal”. Motivou-me a escrever o livro “As Contradições do Desenvolvimento
Brasileiro”, na primeira página transcrevia as suas palavras. No Rio, sede da
editora, os censores de plantão, ante aquela citação liberaram a publicação.
Dizia fundamentalmente que naquele Brasil autoritário, mesmo com taxas de
crescimento de 9,7%, ao ano, não estava ocorrendo desenvolvimento.
Crescimento econômico mais crescimento
social é que gera o desenvolvimento. Crescimento econômico sozinho não é gerador
de desenvolvimento. Concentra a renda e consolida o desajuste social. No
governo seguinte de Ernesto Geisel, além de fatores externos, o falso “milagre
econômico” foi desnudado e o preço pago pela maioria dos brasileiros se estende
por décadas.
A equação do governo Dilma Rousseff ao
acreditar que a economia vai mal, mas o povo vai bem, reproduz, em outra
escala, a mesma tragédia. Se pelo lado social existem inegáveis avanços, não
ocorre o mesmo pelo lado econômico, estamos gerando conjuntura econômica
adversa.
A turbulência dilapidora da vida das
famílias ganhará dimensões ciclópicas. Até Delfim Neto, conselheiro de Lula e
Dilma, “czar” do “milagre econômico” do governo Médici, recentemente explodiu:
“A economia está uma esculhambação”.
A ausência de visão estratégica e
disciplinadora do desenvolvimento foi substituída pela política econômica de
curto prazo, geradora do consumismo garantidor da popularidade do governo.
Optou pela política fiscal expansionista estimuladora do consumo, ao invés de
uma política fiscal responsável e contracionista.
A despesa fiscal do governo federal em 1991
era de 14% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2013 já ultrapassou os 23%.
Infelizmente até a eleição de 2014 o governo vai pilotar o barco Brasil em um
cenário de inércia econômica, adotando medidas pontuais: O publicitário João
Santana já definiu: “O PIB não interessa ao povo e sim o emprego”. No seu
ilusionismo tenta vender a imagem de economia saudável, quando ocorre o
contrário. Crescimento sem investimento é mágica impossível.
O ano de 2014 será a repetição de 2013, mas
para 2015, a situação será de vaca não conhecer bezerro. Velho amigo e carioca
sarcástico dizia-me no Rio que será uma perfeita síntese do programa televisivo
“Sai de baixo”. A desaceleração da atividade econômica se refletirá no mercado
de trabalho gerando desemprego e grande redução das rendas das famílias.
Os bons indicadores econômicos conquistados
a partir do Plano Real é que vem sustentando as distorções acumuladas nos últimos
anos. Infelizmente essas distorções caminham para cobrar o seu preço, sendo
impossível ao povo ir bem e a econômica mal. Quem viver, verá.
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