Minha aposta sobre a situação coreana.
Compare as ilustrações, à esquerda mapa da península coreana e abaixo a península à noite.Literalmente a Coréia do Norte se encontra nas trevas.
Posso me enganar, admito, afinal, estamos no reino da especulação,
ainda que esta seja baseada em estudos de décadas e não em palpites à
"The Economist", mas estou convicto de que as movimentações recentes da
Coreia do Norte são apenas uma espécie de teste que confirma, para quem
faz a mesma leitura que eu a partir da mesma metodologia, que, a não ser
que as circunstâncias mudem, haverá uma guerra mundial e que esta
guerra será despoletada pela Coreia do Norte no momento certo, ou seja,
quando a China e a Rússia derem o seu aval.
O
papel da Rússia é ambíguo, e deverei falar acerca das minhas
especulações depois, com mais calma, mas tanto ela como a China não têm
como escapar dessa guerra, ao menos se não houver uma mudança de regime
na China. Entretanto, a elite política chinesa preparou a guerra como
uma forma de evitar essa mudança de regime.
A aposta econômica da China, baseada numa industrialização forçada a
partir da manipulação permitida por um sistema financeiro nas mãos do
PCC, esbarra no problema da superprodução num mundo que atingiu o limite
do endividamento, e também na escassez de recursos minerais e agrícolas
da China. A bolha gerada pelos empréstimos concedidos vai estourar,
isso é uma certeza, e as elites chinesas o sabem melhor do que ninguém.
A
única forma de impedir a implosão do sistema é a expansão externa,
repetindo a fórmula já usada pela Alemanha e pelo Japão, e nesse caso a
necessidade estratégica da China é imensamente superior pois naqueles
dois países se jogava apenas a sua posição como potencias de primeira
ordem enquanto na China é o próprio regime, assim como a unidade
chinesa, que sempre foi posta em causa quando das convulsões que ao
longo da História a afectaram, que estão em causa.
Quanto
à Rússia, temos que ter em mente duas coisas. A Estratégia de Longo
Prazo russo-chinesa e a renovação da mesma no âmbito do Pacto de Xangai,
assim como o balanço estratégico russo-chinês. Se por um lado a Rússia e
a China são aliadas, não se pode esquecer que a expansão chinesa e a
estagnação russa metem essa aliança em causa no longuíssimo prazo, e os
russos, apesar de não darem sinais mais do que ténues e difíceis de
serem percebidos no meio do véu da sua eficaz estratégia de
contra-informação, sabem que uma China victoriosa numa guerra mundial ao
lado da Rússia constituirá uma ameaça demasiado perigosa para existir.
Portanto,
tendo em mente tudo isso e que o tempo joga contra a Rússia e favorece a
China, ao mesmo tempo que o Ocidente se enfraquece, se conclui que para
a Rússia interessará uma guerra que envolva a China e o Ocidente o
mais rapidamente possível, de modo que tanto o Ocidente como a China
saiam tão enfraquecidos e que a Rússia possa atacar a China
preventivamente durante ou depois da guerra, aproveitando a sua vantagem
nuclear enquanto a tecnologia chinesa não consegue eliminar a eficácia
dessa arma, o que é uma questão de tempo.
Porém,
os chineses não são burros e jamais se deixariam levar pelo mesmo
truque que os russos aplicaram aos alemães quando da invasão da Polônia,
ou seja, a Rússia está condenada, pela força das circunstâncias, a
atacar o Ocidente. À China caberá a invasão terrestre dos EUA, que será
iniciada após um ataque preventivo que destrua toda a defesa americana, e
à Rússia caberá o ataque nuclear aos Estados Unidos, a invasão do
continente europeu e, talvez, a invasão do Alasca. Só depois de
completada esta fase a Rússia poderá atacar a China e usar a ameaça que
esta constitui para unir o que sobrara do Ocidente em torno de si.
Porém,
tudo isso ficará para um outro post que terminará uma série de posts
que havia começado com o objectivo de responder a pergunta de um leitor.
Voltemos
agora à Coreia. Nada do que o regime da Coreia do Norte faz se passa
sem o aval russo-chinês. Estou certo que a recente escalada é um teste à
capacidade americana de actuar numa conjuntura em que as suas forças
estão empenhadas em várias guerras e não podem deixar a zona do Golfo
Pérsico, testando ao mesmo tempo a capacidade da Coreia do Sul e a
resolução do Japão e de Formosa.
Dependendo
dos sinais que estes derem, que dependem por sua vez da resposta
americana, pode ficar claro que estas nações não farão guerra contra o
bloco russo-chinês, que sabem estar por detrás da Coreia do Norte,
preferindo se esquivar a qualquer envolvimento sério num primeiro
momento de guerra, restricto às Coreias e aos EUA, se aliando ao bloco
russo-chinês após um ataque preventivo contra os EUA pois a partir daí a
neutralidade será negada pela China, como é óbvio (os chineses não são
burros, como já disse, e lembram de Port Arthur e Pearl Harbor). No caso
da Coreia do Sul, não há nada que esse regime possa fazer para evitar a
guerra. Ela será atacada de qualquer modo pois só isso garantirá a
interferência americana, essencial que frotas americanas se aproximem da
China e sejam destruídas de surpresa.
E
qual será o momento ideal para a provocar? É fácil responder: quando os
EUA estiverem em guerra com o Irão. Isso explica a razão pela qual a
Rússia e a China tem vindo a armar o Irão, tanto por via directa como
através da Coreia do Norte, de modo a tornar inevitável uma guerra
contra essa nação. Quando isso acontecer, bastará uma outra condição
para o ataque, mas essa não é difícil de cumprir, tendo em conta a
infiltração da inteligência americana por agentes russos e chineses: o
conhecimento das posições dos submarinos estratégicos dos EUA. Aí sim
será o momento ideal para provocar um guerra na Coreia e veremos,
dependendo da fraqueza ocidental, o Japão e Formosa aceitarem a
suserania russo-chinesa, a espera que um momento ideal para sair dessa
armadilha apareça futuramente.
Isso
se encaixa no interesse russo à medida que a preservação da força
militar dessas duas nações, assim como de outras nações da zona, com
destaque para o Vietname, interessam para o futuro ataque à China. Por
outro lado, isso também explica o jogo duplo que a Rússia tem feito no
que toca aos planos de desarmamento da população americana. Se por um
lado o seu governo dá garantias de que apoiará o governo americano nessa
política globalista, inclusive treinando para isso os seus soldados
conjuntamente com forças americanas, por outro lado, através de meios
não oficiais e semi-oficiais, tem promovido a exposição desses planos
das elites globalistas ocidentais. Faz todo o sentido. Quanto mais
complicada for a invasão chinesa após o ataque nuclear preventivo,
maiores serão as possibilidades do regime chinês não garantir o rápido
êxito necessário para que não haja uma implosão do seu regime.
Porém,
é bom lembrarmos que o futuro, por mais ardilosos que sejam os planos, é
incerto, e acidentes estão sempre ocorrendo e podem despoletar uma
guerra já agora. É por não lembrar disso que as nossas elites se
condenaram ao fracasso: a única coisa que se consegue ao adoptar planos
rígidos, sem flexibilidade, é se tornar previsível, e isso é um erro
fatal na guerra.
São tantas as previsões, que toda e qualquer especulação pode resultar em verdades e certezas.
ResponderExcluirO que pergunto é ñ se, mas quando ocorrerá.
Certamente perto está.