quarta-feira, 13 de março de 2013

OPINIÃO - Minha aposta sobre a situação coreana.

Minha aposta sobre a situação coreana.

Compare as ilustrações, à esquerda mapa da península  coreana e abaixo  a península  à  noite.
Literalmente  a  Coréia  do  Norte  se  encontra nas trevas.
 
Posso me enganar, admito, afinal, estamos no reino da especulação, ainda que esta seja baseada em estudos de décadas e não em palpites à "The Economist", mas estou convicto de que as movimentações recentes da Coreia do Norte são apenas uma espécie de teste que confirma, para quem faz a mesma leitura que eu a partir da mesma metodologia, que, a não ser que as circunstâncias mudem, haverá uma guerra mundial e que esta guerra será despoletada pela Coreia do Norte no momento certo, ou seja, quando a China e a Rússia derem o seu aval.
 
O papel da Rússia é ambíguo, e deverei falar acerca das minhas especulações depois, com mais calma, mas tanto ela como a China não têm como escapar dessa guerra, ao menos se não houver uma mudança de regime na China. Entretanto, a elite política chinesa preparou a guerra como uma forma de evitar essa mudança de regime.
 
A aposta econômica da China, baseada numa industrialização forçada a partir da manipulação permitida por um sistema financeiro nas mãos do PCC, esbarra no problema da superprodução num mundo que atingiu o limite do endividamento, e também na escassez de recursos minerais e agrícolas da China. A bolha gerada pelos empréstimos concedidos vai estourar, isso é uma certeza, e as elites chinesas o sabem melhor do que ninguém.
 
A única forma de impedir a implosão do sistema é a expansão externa, repetindo a fórmula já usada pela Alemanha e pelo Japão, e nesse caso a necessidade estratégica da China é imensamente superior pois naqueles dois países se jogava apenas a sua posição como potencias de primeira ordem enquanto na China é o próprio regime, assim como a unidade chinesa, que sempre foi posta em causa quando das convulsões que ao longo da História a afectaram, que estão em causa.
 
Quanto à Rússia, temos que ter em mente duas coisas. A Estratégia de Longo Prazo russo-chinesa e a renovação da mesma no âmbito do Pacto de Xangai, assim como o balanço estratégico russo-chinês. Se por um lado a Rússia e a China são aliadas, não se pode esquecer que a expansão chinesa e a estagnação russa metem essa aliança em causa no longuíssimo prazo, e os russos, apesar de não darem sinais mais do que ténues e difíceis de serem percebidos no meio do véu da sua eficaz estratégia de contra-informação, sabem que uma China victoriosa numa guerra mundial ao lado da Rússia constituirá uma ameaça demasiado perigosa para existir.
 
Portanto, tendo em mente tudo isso e que o tempo joga contra a Rússia e favorece a China, ao mesmo tempo que o Ocidente se enfraquece, se conclui que para a Rússia interessará uma  guerra que envolva a China e o Ocidente o mais rapidamente possível, de modo que tanto o Ocidente como a China saiam tão enfraquecidos e que a Rússia possa atacar a China preventivamente durante ou depois da guerra, aproveitando a sua vantagem nuclear enquanto a tecnologia chinesa não consegue eliminar a eficácia dessa arma, o que é uma questão de tempo.
 
Porém, os chineses não são burros e jamais se deixariam levar pelo mesmo truque que os russos aplicaram aos alemães quando da invasão da Polônia, ou seja, a Rússia está condenada, pela força das circunstâncias, a atacar o Ocidente. À China caberá a invasão terrestre dos EUA, que será iniciada após um ataque preventivo que destrua toda a defesa americana, e à Rússia caberá o ataque nuclear aos Estados Unidos, a invasão do continente europeu e, talvez, a invasão do Alasca. Só depois de completada esta fase a Rússia poderá atacar a China e usar a ameaça que esta constitui para unir o que sobrara do Ocidente em torno de si.
 
Porém, tudo isso ficará para um outro post que terminará uma série de posts que havia começado com o objectivo de responder a pergunta de um leitor.
 
Voltemos agora à Coreia. Nada do que o regime da Coreia do Norte faz se passa sem o aval russo-chinês. Estou certo que a recente escalada é um teste à capacidade americana de actuar numa conjuntura em que as suas forças estão empenhadas em várias guerras e não podem deixar a zona do Golfo Pérsico, testando ao mesmo tempo a capacidade da Coreia do Sul e a resolução do Japão e de Formosa.
 
Dependendo dos sinais que estes derem, que dependem por sua vez da resposta americana, pode ficar claro que estas nações não farão guerra contra o bloco russo-chinês, que sabem estar por detrás da Coreia do Norte, preferindo se esquivar a qualquer envolvimento sério num primeiro momento de guerra, restricto às Coreias e aos EUA,  se aliando ao bloco russo-chinês após um ataque preventivo contra os EUA pois a partir daí a neutralidade será negada pela China, como é óbvio (os chineses não são burros, como já disse, e lembram de Port Arthur e Pearl Harbor). No caso da Coreia do Sul, não há nada que esse regime possa fazer para evitar a guerra. Ela será atacada de qualquer modo pois só isso garantirá a interferência americana, essencial que frotas americanas se aproximem da China e sejam destruídas de surpresa.
 
E qual será o momento ideal para a provocar? É fácil responder: quando os EUA estiverem em guerra com o Irão. Isso explica a razão pela qual a Rússia e a China tem vindo a armar o Irão, tanto por via directa como através da Coreia do Norte, de modo a tornar inevitável uma guerra contra essa nação. Quando isso acontecer, bastará uma outra condição para o ataque, mas essa não é difícil de cumprir, tendo em conta a infiltração da inteligência americana por agentes russos e chineses: o conhecimento das posições dos submarinos estratégicos dos EUA.  Aí sim será o momento ideal para provocar um guerra na Coreia e veremos, dependendo da fraqueza ocidental, o Japão e Formosa aceitarem a suserania russo-chinesa, a espera que um momento ideal para sair dessa armadilha apareça futuramente.
 
Isso se encaixa no interesse russo à medida que a preservação da força militar dessas duas nações, assim como de outras nações da zona, com destaque para o Vietname, interessam para o futuro ataque à China. Por outro lado, isso também explica o jogo duplo que a Rússia tem feito no que toca aos planos de desarmamento da população americana. Se por um lado o seu governo dá garantias de que apoiará o governo americano nessa política globalista, inclusive treinando para isso os seus soldados conjuntamente com forças americanas, por outro lado, através de meios não oficiais e semi-oficiais, tem promovido a exposição desses planos das elites globalistas ocidentais. Faz todo o sentido. Quanto mais complicada for a invasão chinesa após o ataque nuclear preventivo, maiores serão as possibilidades do regime chinês não garantir o rápido êxito necessário para que não haja uma implosão do seu regime. 
 
Porém, é bom lembrarmos que o futuro, por mais ardilosos que sejam os planos, é incerto, e acidentes estão sempre ocorrendo e podem despoletar uma guerra já agora. É por não lembrar disso que as nossas elites se condenaram ao fracasso: a única coisa que se consegue ao adoptar planos rígidos, sem flexibilidade, é se tornar previsível, e isso é um erro fatal na guerra.



Um comentário:

  1. São tantas as previsões, que toda e qualquer especulação pode resultar em verdades e certezas.
    O que pergunto é ñ se, mas quando ocorrerá.
    Certamente perto está.

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