Caso Santander: banco demitiu quatro funcionários
"Não recebemos, e nem aceitaríamos, qualquer tipo de pressão externa para adotar as medidas que tomamos", disse VP de Comunicação do banco. Mas as demissões aconteceram depois de manifestações furiosas do PT.
O banco Santander demitiu quatro
funcionários, e não apenas um como pensava. A causa da dispensa foi o
informe distribuídos a clientes de alta renda, que mostrava a reeleição
de Dilma Rousseff como uma ameaça à economia do país. A análise deixou
furiosos o governo e o PT, que falaram em terrorismo eleitoral e em
boicote ao banco. O resultado foi a demissão, justificada pelo banco
como desrespeito ao código de conduta interno, porém coincidente com declarações de Lula sobre a superintendente de investimentos do Santander, que também foi demitida.
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Lula vira banqueiro e demite quatro do Santander.
Lula, vitorioso, obrigou o Santander a demitir quatro funcionários
por terem feito uma análise correta sobre a economia brasileira.
O banco Santander demitiu quatro
funcionários --e não apenas um, como se imaginava até agora-- por causa do
polêmico informe distribuído a clientes VIPs em julho, no qual descreve a
reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) como uma ameaça à economia do país.
Enviada a correntistas de alta renda, a análise provocou reações agressivas do
governo e do PT, que falaram em terrorismo eleitoral e em boicote contra o
banco. O Santander assumiu ter cometido um erro e pediu desculpas publicamente.
No mercado financeiro, passou-se
a especular que a direção do banco teria cedido a pressões e promovido as
demissões para acalmar Dilma e seu partido. "Não recebemos, nem
aceitaríamos, qualquer tipo de pressão externa para adotar as medidas que
tomamos" disse à Folha Marcos Madureira, vice-presidente de Comunicação,
Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander.
O executivo não quis falar sobre
o número de demitidos apurado pela Folha. Mas disse que foram dispensados por
"desrespeitar" o código de conduta interno, que proíbe os
funcionários de fazer "análises e posicionamentos com conteúdo político ou
partidário" em nome do banco. "O descumprimento dessa diretriz nos
colocou no centro de um debate político, que não nos cabe", afirmou Marcos
Madureira.
Os quatro demitidos eram da área
Select, focada nos clientes com renda acima de R$ 10 mil por mês. A autora da
análise --enviada com o extrato dos clientes-- foi a gerente de investimentos. O
trecho crítico dizia que, se Dilma melhorasse nas pesquisas, os juros e o dólar
subiriam e a Bolsa cairia.
Sinara, demitida por ordem do Lula.
Os outros três colegas perderam o
emprego porque deixaram o texto passar desse jeito. A mais graduada era Sinara
Polycarpo Figueiredo, superintendente da área. A Folha não conseguiu localizar
os demitidos. À revista "Exame" Sinara disse: "Minha trajetória
é impecável e bem-sucedida. Portanto, jamais poderá estar associada a qualquer
polêmica".
AGRESSIVIDADE
No mercado financeiro, houve
surpresa com a reação do governo e a agressividade do PT. Em sabatina promovida
pela Folha em parceria com o portal UOL, o SBT e a rádio Jovem Pan, Dilma disse
que o episódio era "lamentável" e "inadmissível". O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a responsável pela análise
não entendia nada do Brasil: "Pode mandar ela embora e dar o bônus dela
para mim".
A Folha conversou com os
presidentes de dois bancos e de um fundo de investimentos estrangeiros. Eles
pediram para não ter seus nomes publicados, mas disseram que o governo teria
usado o episódio para explorar politicamente o papel de vítima do mercado
financeiro. Afirmam que o episódio os deixou inseguros e, por isso, aumentaram
os filtros sobre as análises que produzem, para torná-las "menos
enfáticas", como disse um deles.
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